Evolução das Startups no Brasil e no mundo

Evolução das Startups no Brasil e no mundo

O surgimento das startups transformou economias globais, impulsionando inovação, digitalização e novos modelos de negócios. No cenário mundial, eles se consolidaram como motores de disrupção em setores como tecnologia, saúde e finanças, enquanto no Brasil ganharam força mais tardiamente, a partir dos anos 2010, com um crescimento acelerado. Esta análise compara os dois contextos, destacando semelhanças, diferenças e o impacto específico no mercado imobiliário, com ênfase no caso do QuintoAndar e seus conflitos com órgãos reguladores.

1. O Cenário Mundial: Pioneirismo e Escala

Globalmente, as startups despontaram nos anos 1990, tendo o Vale do Silício (EUA) como epicentro. Empresas como Amazon (1994) e Google (1998) nasceram como startups e moldaram a era digital. Fatores como acesso a capital de risco, infraestrutura tecnológica avançada e uma cultura empreendedora consolidaram a liderança dos EUA, seguidas pelo Reino Unido, China e Israel. Essas startups evoluíram rapidamente, alcançando escala global em menos de uma década – o Airbnb, por exemplo, fundado em 2008, tornou-se bilionário em 2012.

No mercado imobiliário, proptechs como o Zillow (EUA) digitalizaram a compra e venda de imóveis, enquanto o Airbnb revolucionou o turismo e os preços imobiliários, elevando valores em cidades como Lisboa em 30% desde 2015. Em 2025, o foco global está em IA e soluções climáticas, embora mercados maduros enfrentem saturação.

2. O Cenário Brasileiro: Um Ecossistema em Ascensão

No Brasil, o ecossistema de startups ganhou atração a partir dos anos 2010, superando um passado dominado por empresas tradicionais e limitado por escassez de capital e infraestrutura. A criação da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) em 2011 e o surgimento de unicórnios como Nubank (2018) e QuintoAndar (2019) marcaram essa transição. Em 2025, o país abrigou cerca de 1.209 proptechs e construtechs, segundo o Mapa das Construtechs e Proptechs 2024 da Terracotta Ventures, liderando a América Latina, mas ainda distante do top 5 global.

No setor imobiliário, startups como QuintoAndar, Loft, Housi, CredPago, Tecverde e Hiperdados se destacaram:

  • QuintoAndar : fundado em 2013, é o maior unicórnio imobiliário brasileiro. Digitaliza aluguel e venda, eliminando fiadores com análise de crédito via IA. Em 2025, opera em mais de 70 cidades, com 275 mil contratos ativos.
  • Loft : desde 2018, introduz o “iBuying” (compra instantânea), reformando e revendendo imóveis usados, com expansão regional em 2025.
  • Casa : Lançada em 2019, populariza o “moradia como serviço” com aluguéis flexíveis, integrando automação residencial.
  • CredPago : facilita locações com garantia digital, expandindo-se para crédito imobiliário.
  • Tecverde : foco na construção modular e sustentável, influenciando o segmento de habitação popular.
  • Hiperdados: usa big data para análise de terrenos, otimizando decisões de incorporadoras.

Essas empresas promovem desburocratização, digitalização, sustentabilidade, acesso ao crédito e eficiência, atendendo a demandas como urbanização e déficit habitacional, mesmo com uma Selic projetada entre 10% e 15% em 2025.

3. Comparação: Ritmo, Escala e Foco

  • Velocidade e Escala: Globalmente, as startups crescem mais devido a ecossistemas maduros. O Airbnb levou quatro anos para se tornar unicórnio, enquanto o QuintoAndar precisou de seis. Startups globais miram mercados internacionais desde o início; as brasileiras focam primeiro no mercado interno.
  • Investimento : Em 2021, os EUA captaram 47% do capital de risco global, contra 2,5% do Brasil (Sling Hub). Ainda assim, o Brasil concentrou 83% das aquisições de startups na América Latina naquele ano, sinalizando potencial.
  • Foco Setorial : Mundialmente, há diversificação em IA e SaaS; no Brasil, fintechs e proptechs dominam, resolvendo problemas como crédito caro e aluguel burocrático.

4. O Mercado Imobiliário: Impactos Distintos

No cenário global, o Airbnb alterou paradigmas de hospitalidade e preços imobiliários. No Brasil, QuintoAndar e Loft modernizam um mercado historicamente analógico. A Loft, com US$ 425 milhões captados em 2021, elevou preços em bairros como Pinheiros (SP) em 15% desde 2023, mas o impacto é local, não global.

5. Caso QuintoAndar: Inovação versus Regulação

O QuintoAndar exemplifica os desafios das proptechs brasileiras. Fundado por Gabriel Braga e André Penha – engenheiros com MBA em Stanford, sem compromissos de registro como corretores no CRECI –, uma empresa conectada proprietários e inquilinos via IA desafiando o modelo tradicional. Isso gerou atritos com o CRECI e o COFECI, que regulamentaram a profissão sob a Lei nº 6.530/78.

Conflitos Principais:

  • Corretores Parceiros: O QuintoAndar trabalha com corretores autônomos registrados, mas os CRECIs questionam a supervisão e relatam denúncias de atuação irregular.
  • Impostos e Contratos: Taxas de administração (8,5%-9%) e cláusulas de arbitragem são criticadas como abusivas por consumidores e investigadas por Procons e CRECIs.
  • Resposta da Empresa: A startup lançou o “Aluguel Sem Administração” em 2022 e o “QPreço” em 2025, buscando diálogo com os órgãos.

Em 2025, os CRECIs intensificaram a fiscalização, mas o QuintoAndar defende que sua inovação beneficia o setor, gerando debates sobre modernização versus proteção profissional.

6. Desafios e Perspectivas em 2025

Globalmente, as startups enfrentam saturação e buscam sustentabilidade. No Brasil, o desafio é escalar internacionalmente, superar barreiras regulatórias e atrair capital. Com 22 mil empregos gerados por proptechs, o país é liderado regionalmente, mas precisa de maturidade para competir globalmente.

A evolução das startups globais reflete pioneirismo e escala, enquanto no Brasil destaca resiliência e foco local. No mercado imobiliário, o Airbnb transformou o mundo, e o QuintoAndar reinventou o Brasil. Em 2025, o futuro do país dependerá de equilibrar inovação com regulação e alavancar seu potencial criativo diante de limitações estruturais.

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Corretor de imóveis, perito avaliador, atuando nas áreas de pesquisa de mercado, planejamento, gerenciamento, coordenação de equipe de vendas, avaliação, locação, administração e venda de imóveis