A Participação dos Corretores de Imóveis na coleta de Dados Disponíveis sobre o Mercado Imobiliário

Dados do mercado imobiliário

A Participação dos Corretores de Imóveis na coleta de Dados Disponíveis sobre o Mercado Imobiliário

O mercado imobiliário é um universo dinâmico, onde tendências, preços e demandas mudam constantemente. Para entender esse cenário, os dados são fundamentais, eles fornecem a base para análises, previsões e decisões estratégicas. Mas de onde vêm essas informações e relatórios divulgados pela mídia? Uma parte significativa delas não passa pelas mãos de um profissional essencial: O corretor de imóveis. Nós, corretores, somos mais do que mediadores de negociações, somos também uma ponte entre o mercado real e os números que o descrevem.

No dia a dia, lidamos diretamente com compradores, vendedores, proprietários e inquilinos. Cada interação traz insights valiosos; o preço que um cliente está disposto a pagar, os bairros mais procurados, as características que valorizam um imóvel ou até mesmo os motivos que levam alguém a desistir de uma compra. Esses dados “vivos”, colhidos no calor das negociações, muitas vezes não aparecem nas estatísticas oficiais ou nos relatórios de grandes plataformas digitais. Somos nós que sentimos o pulso do mercado em tempo real.

Os corretores de imóveis desempenham um papel crucial na construção das bases de dados que sustentam o mercado imobiliário. Cada venda, aprovação ou avaliação que registramos alimenta sistemas que organizam informações essenciais para o setor. Uma iniciativa interessante nesse sentido é o Sistema de Governança e Registro, disponibilizado pelo COFECI-CRECI. Esse registro digital, embora facultativo e com uma contribuição mensal à parte da anuidade, permite que corretores inscritos nos conselhos documentos, contratos, avaliações,  contratos de parcerias entre corretores e imobiliárias, de onde poderiam ser extraídos dados sobre valores dos imóveis, bairros com maior valorização ou maior numero de negócios, metragens mais procuradas, volume mensal de vendas por valor, bairro, empreendimento além dos ventos que sopram no mercado, e outros dados relevantes. É um passo importante para dar visibilidade às movimentações do mercado, mas ainda há espaço para evoluir.

Apesar de coletar um volume significativo de informações, o sistema não gera relatórios ou análises detalhadas, uma oportunidade perdida. Imagine, por exemplo, um corretor em São Paulo que registra a venda de um apartamento de dois quartos no bairro do Brooklin por R$ 800 mil. Esse dado, somado a outros, poderia revelar que a região está em alta para famílias jovens devido à proximidade de escolas e novas linhas de transporte. Se o sistema oferecesse um resumo sigiloso e agregasse esses dados em guias de negociações, como valores médios ou locais com maior conversão, corretores, imobiliários e investidores foram uma ferramenta poderosa para tomar decisões mais assertivas.

Outro ponto a destacar é o impacto que esses dados poderiam ter ao iluminar o chamado “mercado silencioso”. Muitas transações e tendências não chegam ao conhecimento do público geral, ficando restritas a quem está na linha de frente, como nós, corretores. Informações sobre parcerias entre proprietários e construtoras ou a procura de imóveis em áreas menos óbvias, como subúrbios em crescimento, poderiam ser mapeadas e organizadas. Esse conhecimento, hoje disperso, é importante não apenas para o setor privado, mas também para o poder público, que poderia usar esses indicadores para infraestrutura planejada ou políticas habitacionais.

Por fim, a iniciativa do COFECI-CRECI é um exemplo de como as corretoras podem ser protagonistas na estruturação de dados imobiliários, mas também mostra que há um caminho a percorrer. A tecnologia está ao nosso favor, e sistemas como esse poderiam ir além do simples registro, transformando informações brutais em inteligência de mercado. Com mais integração e análise, nós, corretores, não apenas o sistema alimentar, mas também nos beneficiamos dele, trazendo mais transparência e eficiência para o mercado imobiliário como um todo, no entanto, nossa participação poderia ir além de apenas fornecer dados brutos. Como corretores, temos a capacidade de interpretar essas informações com um olhar humano e experiente. Enquanto algoritmos e relatórios podem apontar números frios, nós entendemos o contexto; sabemos que a valorização e ponto negativo de um bairro pode estar ligada a uma nova linha de metrô ou que a queda na procura por apartamentos pelo fator de segurança, transporte ou outros fatores pequenos refletem uma mudança no perfil das famílias. Essa visão qualitativa é o que nos torna indispensáveis.

Por outro lado, também enfrentamos desafios. Nem sempre os dados que coletamos são organizados de forma sistemática. Muitos corretores ainda trabalham de maneira tradicional, anotando informações em cadernos ou planilhas pessoais, o que dificulta a consolidação de um panorama mais amplo. A tecnologia tem ajudado a mudar esse cenário, com CRMs e plataformas que facilitam o registro e a análise de informações. Ainda assim, há um caminho a percorrer para que nossa contribuição seja plenamente reconhecida e aproveitada.

Nós, corretores de imóveis, somos os olhos e os ouvidos do mercado imobiliário. Nossa proximidade com os clientes e nossa vivência prática nos colocam em uma posição única para enriquecer os dados disponíveis. Mais do que isso, temos o potencial de transformar números em histórias, tendências em oportunidades e negociações em resultados. O mercado imobiliário não é feito só de concreto e contratos, ele é feito de pessoas, e é por meio delas, com nossa atuação, que os dados ganham vida.

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Corretor de imóveis, perito avaliador, atuando nas áreas de pesquisa de mercado, planejamento, gerenciamento, coordenação de equipe de vendas, avaliação, locação, administração e venda de imóveis